Por Wender Ferreira do Santos
Desde
pequeno tenho um interesse e um fascínio pelos idosos. Lembro que uma vez
perguntei para minha avó por que ela estava ficando “velha”. Ela me respondeu
que todo mundo envelhece, que ninguém consegue “fugir disso” e que era natural.
Ela reforça que não é possível evitar e que as pessoas podiam fazer “mil coisas”
para ficarem com uma aparência de jovem, mas nunca deixariam de envelhecer. Confesso
que não entendi e fiquei achando muito estranho a pessoa ficar com os cabelos
brancos e com a pele enrugada.
Eventualmente,
perguntava às pessoas da minha idade, como primos amigos e colegas da
escola, o que elas achavam de envelhecer. Duas respostas eram comuns: a primeira
relaciona a aparência, que é ficar com os cabelos brancos, usar bengala, usar
óculos e a pele enrugada; e a segunda que envelhecer era ruim e que o bom mesmo
era ser “jovem”.
Devido
essas experiências acabei criando uma imagem em minha cabeça, um
estereótipo/estigma que envelhecer era uma coisa de gente que passa dos 60
anos. Que isso estava longe da minha vida visto que eu ainda era jovem. Reforça,
a minha percepção, que quem deveria pensar no envelhecimento eram os idosos.
Um
dia me deparei com um livro cujo título é “As cores do crepúsculo – a estética do
envelhecer” de Rubem Alves. Este título me chamou muita atenção, em especial
por causa do autor. Posto isto, li o livro e, supreendentemente, a leitura me
levou a uma mudança visceral sobre como entendia o envelhecimento. Nesse dia, entendi
perfeitamente o que minha avó tinha me falado.
Envelhecer
é algo natural, todos os seres vivos e até mesmo os objetos materiais passam por
este processo (animais, plantas, fotos e etc.). Infelizmente, só percebemos
isso quando ele se torna
visível. Estamos envelhecendo desde que nascemos, não só o corpo, mas também os
valores, as experiências, as crenças e etc. O corpo é o último que vai nos mostrar
o resultado disso tudo. Esse corpo envelhecido é o resultado de uma vida,
portanto, o percorrer da nossa história que vai nos dizer como seremos mais
velhos. Enfim, o envelhecimento, para mim, transcende o corpo, mas a alma nunca
envelhece.
SANTOS, W. F. Estou envelhecendo. 2018. Disponível em <https://ligagerontounb.blogspot.com/2018/10/estou-envelhecendo.html>
Comentários
Postar um comentário